terça-feira, 30 de junho de 2009


Carta ao Sr. Martin Eden

Estimado senhor Eden
Gostaria de compartilhar com o senhor, a minha repulsa pelas classes burguesa e acadêmica. Por um simples motivo (motivo tão bem descrito pelo senhor): eles não compreendem (e não se interessam em compreender) o próprio povo, a própria base na qual se assentam.
Seus ganhos e estudos têm como base à prole, mas a informação da prole lhes dá engulhos. Nesse momento lembro de certo trecho de Orwell, George (1984): “Se há esperança, ela está nos proles”. Mas isso para eles não basta.
Em seu meio me sinto um penetra, que precisa medir bem as palavras para ser compreendido e mesmo assim terá de enfrentar sorrisos de falsa condescendência e simpatia como se fizessem um agrado a um retardado.
Ora – pensam eles – vem agora você me falar de cultura de rua! De que me importa tal música de maconheiro. Vai dizer que tem a ver com educação! Poupe-me da baixa-cultura, aqui só discutimos os pensadores.
Saio destes ambientes nauseado, e procuro me infiltrar o mais rápido possível no “esgoto” para reencontrar um sorriso ignorantemente simpático, sem grandes verdades.
A academia se fecha nela mesma e assim pensa elucidar as questões da vida. Mas o que lhes falta é justamente isso: vida. É fácil pensar do lado de dentro de um ambiente aconchegante e refrigerado. O grito das ruas não os alcança.

NiNoSca
15/09/2007

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