sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um encontro de mestres



Seu TiTo num léro de responsa com Platão...

(Seu TiTo aparece parcialmente de costas)

Ao cão amigo


Ao cão amigo

O cão apareceu acompanhando as alunas que brincaram com ele pelo caminho. Olhar de “help me, please!”. Surgiu com olhar suplicante daqueles que não podem resolver os problemas por si mesmos (dependem de nós). Comendo grama e tomando água (o que já demonstrava o tamanho da sua fome). Virando de barriga pra cima e abanando o rabo (o que transmitia o tamanho de sua carência). Mas mesmo com o protesto dos alunos que pediam pela sua “adoção”, ele foi expulso. Mesmo com o comprometimento dos estudantes, ele foi expulso.
Pesquisa realizada numa penitenciária norte-americana mostrou que os presos beneficiados com a presença de um animal de estimação, demonstraram comportamento diferenciado. Diminuíram os números de violência e outros delitos. Os presos compartilhavam sua dor com os animais e isso os ajudava na sociabilidade, resignação e respeito mútuo.
Na escola é diferente, afinal estamos aqui pra aprender (só não compreendo ainda o quê?).
Proibido animais de estimação no recinto escolar (mesmo que esse recinto tenha muito verde e espaço abandonado!). Animais só os da casa, que devem obedecer de orelha baixa e fazer xixi quando ordenados.
Depois querem que ensinemos o respeito pela natureza, pelo próximo... Que mentira! Tudo no papel, não na prática. Jogue o cão para a rua e venha aprender sobre respeito, garoto! “Ah professor, deixa ficar com o cãozinho?”. “Não! Onde já se viu! Aqui é lugar de aprender, não de cuidar de bicho!”. “2+2=4”. “Ética significa...???”. Não sei. Isso não me diz mais nada.
Perdão por não ter feito nada.
Vamos continuar a nossa mentira, vocês fingem que aprendem e eu finjo que ensino. Lição que não se pratica, não existe.

Sinceramente
20/08/2008

Meantime


O ambiente azulado pela fumaça dos cigarros deixa transparecer o clima tenso e denso. Dois homens olham para além da imagem que a TV mostra, estão preocupados com suas vidas, vidas sem vida, vida de privações e desencantos. Uma voz vem até eles, nem se apercebem estão alienados.
Lá fora o sol que não sai por detrás das nuvens pesadas, carrega ainda mais no tom acinzentado das construções da cidade de altos progressos e muitas desgraças. Jovens perambulam pelos cantos, pelos becos, buscando o que da vida fazer, qual atitude tomar, uma resolução que os tire daquele estado de coisas. Desenganados.
O governo prometeu ajudar, buscar formas para aplacar a sensação de incapacidade, de indigência. Muitos estão assim, assim perdidos, perdidos entre sonhos de melhores dias. Falta. Falta de dinheiro, de ajuda, de esperanças, de trabalho. Mas todos não estão assim? Assim como?
Classes que se dividem, lutando pela sobrevivência de sua estirpe, lutando para não ser rebaixadas mais ainda de seus já minguados recursos. Disputando o pouco que lhes permitem com aqueles mais fracos ainda, revolvendo o lixo da sociedade.
O tom azulado se adensa, a resignação domina e a fé sucumbe.


TiTo Igatha

Seu TiTo em Cuba



Tito Puente, primo cubano de seu tito, praticando para um show na Gaviões da Fiel.

Pensamentos

“... não tivesse o eterno posto a sua lei contra o suicídio!... ó Deus, meu Deus que fatigantes, insípidas monótonas e sem proveito as práticas do mundo, todas me parecem!
Que nojo o mundo, este jardim de ervas daninhas...”
A tragédia de Hamlet – ato I, cena II – William Shakespeare

“Os animais têm vantagens sobre os homens: não precisam de teólogos para instruí-los, seus funerais lhes saem de graça e ninguém briga por seus testamentos”.
Voltaire

“A laboriosa abelha não sobra tempo para tristezas”
William Blake

“As glórias humanas, mesmo as mais sagradas começam a se confundir sob a luz, diminuem, se perdem sob a terra, sob o ataque de nossas danças maléficas”
(Erínias Vingadoras)

“Todas as palavras são igualmente lindas. Nós é que as corrompemos.”
Nelson Rodrigues

Cartas da Zona de Guerra


Cartas da Zona de Guerra

“Chris era o tipo de aluno iluminado, que qualquer professor reza para ter em sua turma. Ele era brilhante e motivado, disposto a questionar. Lia os livros sugeridos e, de fato, parecia se engajar às idéias”.
Cartas da Zona de Guerra – Michael Moore

Esse grande e raro aluno descrito acima morreu estupidamente aos 24 anos na não menos estúpida guerra do Iraque. Esse é o desabafo de sua professora que passados três anos ainda lembrava com carinho do aluno.
Como diz minha avó: “Esse mundo está perdido!”. Devo concordar com a sua idéia. O mundo está mesmo perdido, e em vias de perder-se irremediavelmente. Afinal, o ser humano (de modo geral!) não merece a Graça de habitar tão belo planeta. É muito boçal para apreciar a importância disso e deve, portanto, provocar a sua extinção o mais rápido possível.
Quando penso que não terei mais nenhuma surpresa, descubro novas atrocidades que fazem meu sangue gelar e ter pensamentos pessimistas como os citados. Quando acho que a bomba nuclear é o que de pior poderia existir, vêm novas informações (livros e mais livros) dizendo que o homem já criou coisas muito piores – armas químicas e biológicas, por exemplo... Descubro que a ciência avança na busca de soluções mais simples e econômicas para a eliminação da própria vida.
Que o conteúdo equivalente a um pacote de 1 Kg de açúcar é o suficiente para matar toda a população de um estado e espalhar doenças incuráveis para o resto do mundo. Desenvolvem-se bactérias imunes a qualquer tipo de tratamento e antibióticos existentes. E que somos utilizados “literalmente” como cobaias em experimentos científicos do qual não temos o menor conhecimento.

Sei que é bem mais fácil pensar que tudo isso não passa de teorias conspiratórias e continuar levando mediocremente a vida. Mas quando se deu o primeiro passo em busca do conhecimento, a ignorância plena não os é mais permitida (nem suportada).

NiNo Stuna
29/08/2006

Non-Sense


Non-sense

As instituições costumam ser muito burras, mas a da educação, sendo o que é, ganha. A maior burrice!!!
O discurso é contrário à prática. Por exemplo, a internet. Todo mundo fala de inclusão digital, mundo virtual, o acesso às informações, a riqueza de conhecimentos possibilitada pela Net e, no entanto, você entra numa escola do estado (a que me cabe) e encontra o aviso logo acima do computador: Só é permitido o acesso a páginas da educação ou para pesquisas para os alunos (preparar aulas).
Me diz então: se for imagens e não letrinhas não pode? Se for música então esquece? Nestas horas penso na frase do Nietzsche onde diz que o verdadeiro mestre vê tudo em relação aos alunos. Porque eu vejo.
É claro que pensando na média um aviso assim até é necessário, afinal se deixar, alguns entram em site pornô e etc. Às vezes falta um bom senso, básico. Mas nem há problemas. As professoras (na maioria) são tranqüilas em relação às novas tecnologias, então desnecessário maiores cuidados.
Mesmo se eu colocar num site de games penso que isso não prejudicará o lado profissional, pelo contrário. Tudo intrincado como está, só benefício trará. Não estou jogando em horário de aula, preciso de um descanso mental, e na maioria desses jogos grátis, só se exercita o reflexo e raciocínio. Tipo tétris.
Me irrita esse controle burro, como se só estivesse “trabalhando” se fosse flagrado com a enxada na mão! Reflexo do próprio pensamento mecanicista onde a produção é o que importa (e basta).


NiNoSca
02/07/2008

Seu TiTo lendo a boa nova...


Seu TiTo num dos seus raros momentos de descanso. Trocado para o ritual do chá com a rainha Pentesiléia das Amazonas.
“Pela primeira vez saboreei a morte. Tinha um gosto amargo. Pois a morte é renascimento, é angústia e medo ante uma renovação aterradora.”
Hermann Hesse – Demian

“ Não há por que te compares com os demais, e se a natureza te criou para morcego, não deves aspirar a ser avestruz.”
Hermann Hesse – Demian

“O amor é a ilusão de que uma mulher é diferente das outras”.
H.L.Mencken

“Meu animal favorito: bife”.
Fran Lebowitz

“O melhor amigo do homem é o uísque. O uísque é o cachorro engarrafado”.
Vinícios de Moraes

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008


Rolê de Dog’s

Vi agora um cortejo louco de doguítchalos (como os chamo). Quatro figuras traziam pelas “mãos” uns nove ou dez lindos cães.
Lembrei dos rolês que dava com a saudosa e querida Luminha. Nosso Dog de casa. Compartilhou sua existência com a gente por treze anos. E pensei no quão diferente eram as nossas “caminhadas”.

Ela simplesmente ignorava qualquer tentativa de ordem minha. Ela fazia o que queria comigo. Dava a hora dela e ela começava a rondar com o ar de piedade que todo cão tão bem faz. E lá íamos nós!
Quando ela estava disposta, queria ir longe. Mas também podia cismar de não querer ir adiante. Tá certo também que ela a maior cagona e pipocava de vez em quando nuns encontros. Pô! Aí seus pelos eriçavam e ela passava empinada que nem um gato.
Um tanto estressada (retrato dos donos), evitávamos certos horários. Ela se dava melhor com os porteiros noturnos e com as ruas quase desertas (um lobo da estepe).
E lá íamos nós.


Eu
16/10/08

Imput

Nem sei mais se alguém lembra daquele filme do robozinho que ajudava o indiano em Nova York. Short Circuit é o nome do filme. Um robô que ama as borboletas e devora livros e mais livros em segundos. Falando seguidamente: imput, imput...
O que ele mais quer é informação e admirar o mundo, diria de um robô filósofo.

Estou tentando colocar essa idéia nas conversas extracurriculares e aulas. É legal ver que tem uma galera que abraça e vai atrás na curiosidade. Levei Edward Bunker prum garoto (nem tão mais garoto) que estava abrindo os olhos depois de uma temporada difícil (se é que você me entende!). A gatinha ninja curte um estilo xinoxi, como diria o amigo coelho. Apresentei um quadrinho japonês dum tiozinho que com 52 anos foi preso por colecionar armas modificadas. Mesmo sendo uma figura conhecida, foi preso por um tempo. Esse livro contava a vida na cadeia de lá e a total diferença dos nossos costumes. Lá o castigo é o excesso de rigidez e normas. Quem viu gostou dos traços e idéias.
Diego e Paulo já foram introduzidos num mundo de Herman Hesse, Renne Maria Remarke em “Nada de Novo no Front”, e que tais. Louco! Os moleques gostam, só querem a oportunidade. Não digo que a adesão é luxo, mas posso me dar por satisfeito na medida do possível. É a parábola do semeador senão me engano, (não manjo muito das histórias Sagradas).
Sem dizer que temos bons frutos aí na fita. Conhecido como Piu, Rodrigo, aluno formado no ano passado, que me apresentou ao livro Papillon (se é assim que se escreve).
E uma marca que me causa muito orgulho e medo. Duas alunas (agora três) que estudaram com a gente estão fazendo filosofia. Pô! Fico assustado pensando se fui boa influência, não quero ninguém melancólico por aí (hehehe).
Logo mais o ano finda e mais uma ninhada sai voando. Espero que voem bem e alto.


Abraço
Teacher

20 e pãns do mês 10 de 08.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pensamentos

“Não cabe ao homem colocar-se em oposição à sociedade, mas manter-se em atitude compatível as leis de seu ser, que não estarão em oposição às leis governamentais, se ele tiver a sorte de se defrontar com um governo justo.”
Henry David Thoreau – Walden

“ O mais monstruoso dos monstros é o que tem sentimentos nobres.”
Dostoiévski – O eterno marido

“Você sabe como, em casos semelhantes, as mulheres conseguem persuadir os maridos. Se até um anjo descesse do céu, o marido não lhe daria crédito, e sim à mulher.”
Dostoiévski – O eterno marido

“Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias existimos a sós.”
Aldous Huxley – As portas da percepção

“Amar é oferecer o seu corpo a um outro corpo; mas é também mais fundamentalmente, exigir que esse corpo se ofereça também, que ele deseje; é desejar o desejo do outro...”
Hegel

Aos formandos



Não posso reclamar de forma alguma dos meus alunos e do quanto estão absorvendo da filosofia. É certo que são praticamente analfabetos na história da filosofia. Não sabem o ano que Sócrates morreu, nem quem foi Santo Agostinho, mas adquiriram (no caso vejo agora dos formandos) uma visão crítica e um sentimento filosófico que poucas vezes vi, mesmo em professores.
Passei uma avaliação agora no final do ano aos alunos do 3º colegial. A imagem do pensador de Rodin, a frase famosa que diz da inutilidade da filosofia e uma simples questão: Mas afinal, pra que filosofia?
Não posso dizer que não fiquei orgulhoso, ao ver muitos reflexos de minhas aulas naquelas idéias. Percebia por detrás das palavras, a qual aulas ou idéias estavam inconscientemente se referindo.
Sempre me questiono muito, sobre a melhor forma de dar a matéria, não torná-la maçante e cansativa.
Vivemos num “prato cheio” à filosofia! Para os questionadores basta “deitar e rolar”. Tudo são temas filosóficos. Por que então ficar restrito ao básico? Passei para eles algumas coisas que não esquecerão jamais. O vídeo “Another Brick in the Wall” do Pink Floyd. Discutimos a educação tradicional, ainda o documentário “Tiros em Columbine” e o filme “Um Dia de Fúria” e pensamos nos possíveis motivos que levam as pessoas a tais extremos de comportamento. O que podemos fazer para não pirar também?
Sei que algumas sementes caíram em terreno muito fértil. E muitas boas idéias estão por aí sendo geradas nesta nova geração. Já valeu.



TiTo Igatha
07/12/2007

Santuário de Helicon

A lenda é grega, mas pode facilmente ser “convertida” para o catolicismo:
Depois que Deus acabou de criar o mundo, ficou muito feliz com a obra, mas sentia que algo estava faltando. O que seria?
- Ah, já sei! – talvez tenha pensado Ele – o que falta é a palavra laudatória. Aquela que descreve a beleza, a criação... e assim ela está criada!
Assim nasceram as musas, as nove filhas de Zeus e Memória (Mnemosyne). As responsáveis pelas boas idéias, boas vibrações (good vibrations), para que os simples mortais pudessem melhor descrever e tentar minimamente transmitir alguns aspectos do Sagrado. A beleza do Divino.
As divinas musas habitam o grande monte Helicon e lá dançam e cantam em volta da sagrada fonte. Participam e animam o banquete dos deuses e partem pela noite encobertas pelo divino véu, espalhando a inspiração aos seus suplicantes, que tocados pela graça, desenvolvem suas artes em nome Daquele que a tudo dirige.
Calíope (poesia épica), Clio (história), Euterpe (música), Erato (poesia lírica), Terpsícore (dança), Melpomene (tragédia), Talia (comédia), Polímnia (Hinos Sagrados e Urânia (astronomia).
Peçamos a elas com humildade e respeito para que guiem nossos passos nas sendas da arte.

NiNo Strapillo
31/12/2004

Elos da corrente


Elos da corrente


Elos da corrente: do mais poderoso ao menos. Os de cima ordenam, simplesmente! Os de baixo se fodem para cumprir. E nessa, arrebentam alguns “elinhos” sem importância. Sem maiores problemas, pois a maioria (todos) é facilmente substituída. Tipo o estrangeiro turco trabalhando para o patrão alemão. Peças renováveis.
Nessas, até tenho dó de alguns nessa hierarquia burra. Principalmente daqueles “linhas de frente” sem poder real e que apenas transmitem as “ordens superiores”.
Até devo agradecer a função deles. Como diz professor: “São apenas “UF’s”- Úteis Ficções”. Sem eles o mecanismo emperraria. E não adianta vir dizer que viveríamos sem o “mecanismo”! Impossível! Pelo menos, não estamos preparados ainda nesse estágio (evolutivo?).
Só sinto muito quando assumem aquele ar de importância e infabilidade, tipo: ”Você sabe com quem está falando?”, Respeite minha importância!” tsc...tsc...pobrezinhos. Mas não vale a pena discutir, apenas cumprem ordens.E passam toda a vida acreditando na necessidade delas.


No final das contas, que elo sou eu?Acho que um dos mais fracos e mais fortes ao mesmo tempo.
Um paradoxo! Afinal, não mando em nada, nem ninguém. Não tenho poder decisório. E, no entanto, possuo um grau de autonomia, não muito usual, pelo simples fato de pensar e reclamar.





NINO STRAPILLO
05/08/2008

Pensamentos

“Quase sempre, quando alguém se julga feliz e se envaidece com sê-lo, ao passo que à luz da verdade é um infeliz, está a cem léguas de desejar que o tirem do seu erro. Pelo contrário, zanga-se considera como seu pior inimigo àquele que o tenta.”
Kiekegaard – Desespero humano

“Sou animal, um negro de raça inferior desde a eternidade. É o devir do escritor”.
Deleuze – Crítica e clínica

“Qual é o lugar do filósofo na cidade? É o de escultor de homens.”
Simplício

“... cada homem não é apenas ele mesmo, é também um ponto único, singularíssimo, sempre importante e peculiar, no qual os fenômenos do mundo se cruzam daquela forma uma só vez e nunca mais.”
Hermann Hesse – Demian

“Em toda parte dominava a comunidade, o instinto gregário, a repulsa ao destino e o refúgio no recolhimento do rebanho.”
Hermann Hesse - Demian

Efeito Urtigão

Efeito Urtigão


Está claro que sou um isolado. Como o verdadeiro “Urtigão” eremita do gibi, só não me escondo no mato, e me falta o cão e a espingarda, do resto surpreende-me a semelhança. Devo admitir também que o curso de Filosofia não ajuda muito, ainda mais quando olho para os lados, e vejo meia dúzia de rostos cansados. Não é como no caso o curso de Direito ou mesmo Ciências Sociais, turmas unidas, grupos falantes, divertidos e coesos (nem sempre, é claro!). Não, na filosofia não acontecem churrascos de integração, por exemplo. É claro, devo deixar também claro, que isto não é uma crítica, dificilmente eu mesmo iria a tal churrasco se ele acontecesse.
Mas tanto isolamento, uma hora cansa. É claro que gostaria de sair para beber com as “petequinhas” da classe, se estas existissem, ou festinhas na casa do seu Tito. O que não agüento, são os mais mortos do que eu, ou então me por a discutir a ética, a política e outros tais pensamentos. Já leio bastante, na hora do “relax”, o papo é falar merda, nem que seriamente, apenas para desanuviar.
Para quem já é anti-social – como já disseram – por natureza, balada para animar, tem de ser a certa, senão não agüento mais, papinhos furados, observações sociais, fofocas e belas roupas, estou fora. Quanto mais despretensiosa, mais simples e humilde, melhor me sinto, mais solto e verdadeiro serei.
É como aquela comentada feijoada popular, agora pergunta a qual prefiro? Aquela festa chique, ou ajudar na laje e depois comer o feijão da Dona Nenê. Sem duvida o feijão.
Comer frango com as mãos, beijar os amigos (e aí lindo, como tá!), tomar cerveja no copo americano, e ainda no final chorar abraçados todos bêbados.

TiTo Igatha
19/10/2001

Caseiro por opção


Na época que estava perdido entre idéias e a falta delas, pensei numa solução para os meus problemas, e quando por infelicidade comentei-as com os que me são próximos, realmente acharam que eu estava louco. D’repente, pela visão que acostumamos da vida, a impressão até que fazia sentido. Pensei em ser caseiro ou algo que o valha. Outra idéia era ser motorista particular, mas nunca ninguém vai entender os meus motivos.
Não me preocupo com dinheiro, não tenho a visão capitalista de amealhar fortunas, gostaria apenas de viver, e conhecer a vida. Sempre desejei ardentemente ter condições de não me preocupar com as coisas práticas da vida, e ocupar todo o meu tempo em adquirir conhecimento. Principalmente de mim mesmo.
Nunca, ninguém vai entender o meu pensamento, mas não me incomodo mais, me divirto.
Como o professor de filosofia, que cansado de tudo, abandonou a “civilização”, e foi viver e vender artesanato em Ubatuba. A propósito morar na vermelhinha não ia ser nada mal.
Muitas coisas agora fazem sentido. Não é à toa, que me identifiquei nas idéias de São Francisco, meu santo, desde então.
Digo tudo isso, pois tenho respaldo.

“Na antigüidade, como até hoje, o trabalho manual era desprezado, mas convenhamos que fazer um trabalho pesado, ainda mais a serviço de alguém que não pode pagar direito, é uma perspectiva bem desanimadora... pois bem, até isso Platão considera preferível a ter de permanecer na opressão, na mentira, depois de ter conhecido a liberdade, a verdade”.


NiNo Strapillo

14/05/99

Pensamentos

Pensamentos

“Qual o indivíduo que não está disposto a dedicar horas de trabalho ou a preencher todos os seus espaços livres para evitar não correr o risco de meditar ou refletir e de encontrar-se consigo mesmo?”
Hilton Japiassu – Um desafio à Filosofia

“Seu caráter é o resultado do seu procedimento.”
Aristóteles

“... o que mais tememos, é o que nos tira de nossos hábitos.”
Dostoiévski – Crime e Castigo

“Tinha um medo doentio do ridículo e era por isso que adorava servilmente a rotina...”
Dostoiévski – Notas do subterrâneo

“Pode-se alcançar uma coisa num único momento, mas perdê-la nas longas horas que se seguem, caminhando com os pés trôpegos da grilheta que arrastamos.”
De Profundis” – Oscar Wilde