sábado, 29 de novembro de 2008

Daft Duck



Daft Duck
Acho que hoje pude compreender à perfeição a idéia do filme “A Praia”. Um bando de aventureiros a procura do lugar perfeito, não contaminado, livre do “Big Charlie”, câncer, como diz o fantástico personagem “Daft”. Um lugar sem bandos de turistas.
Pense só na paisagem: praia maravilhosa da Bahia, sol incrível, brisa, um verde, mar azul. Um parque de diversões aquáticas gigante, lindo, porém compurscado, violado.
Os milhares de turistas que se espalhavam pelo local agiam exatamente da mesma forma que em suas medíocres vidas. Sujando, poluindo e destruindo a bela natureza (fora a corrupção dos costumes locais. Pobres nativos obrigados a vender água e cerveja em nome do progresso e processo econômico!).
As pessoas olhavam ao redor e exclamavam: puxa que fantástico! Viravam-se e simplesmente jogavam a lata, o guardanapo, o plástico do lanche no chão mesmo. Nem passava pelas suas cabeças a infâmia do ato. Afinal tinha “baiano” lá no jeito, pronto para recolher o lixo dos grandes senhores.
Parece que as coisas não mudaram muito nesse tempo todo!
Senti-me um invasor, um babaca gorducho e branquelo fazendo os outros nos servirem como um rei! Uma verdadeira bosta! E olhava para os lados e via os mesmos hábitos (péssimos) da grande civilização apenas transplantados para a linda paisagem. Na verdade não “viajaram”, apenas se locomoveram fisicamente. Avião, hotel... Porque na experiência espiritual, foi tudo em vão. Vieram para a Bahia para comer pastéis, espetos de carne, hot dog’s e tudo o mais que já comem diariamente nas suas infectas cidades. Tá difícil de achar até camarão e acarajé, pratos típicos.
Daqui a pouco abrem mais um Mac Donald’s e tá tudo “firmeza”, acabou de vez o sonho.
O jeito é procurar uma “ilha” dessas que nem a do filme.


NiNo Strapillo
12/01/2005

Crazy People



Crazy People
08/08/2002
O planeta está enlouquecendo, as pessoas estão enlouquecendo. Nunca na história acredito, viu-se cena semelhante. Nossos psicólogos mal dão conta de criar novos nomes para suas eternas “síndromes”, estão perdendo até a imaginação. Esta já nem acompanha minimamente o que anda ocorrendo.
Todos vivem suas estranhas vidas tentando seguir o padrão estabelecido, todos querem o mesmo, dinheiro, amor e felicidade. Mas não saberiam precisar o que poderíamos entender com cada conceito desses. Querem muito dinheiro para “aproveitar a vida”, comprar tudo que puderem, roupas, roupas, roupas, uma infinidade de novos bens a cada minuto. O amor de suas vidas e a felicidade compreendida como inexistência de problemas. Só que está cada vez mais difícil.
O dinheiro que a tudo permite, concentra-se cada vez mais nas mãos de poucos, aqueles poucos que souberem de alguma forma “participar” do sistema. Já disseram “os donos da situação”. E se lhe oferecem como única possibilidade de alcançar a felicidade, a aquisição dos bens de consumo, é fácil de observar que teremos cada vez mais “infelizes”, já que o dinheiro, meio necessário para aquisição de tais bens está nas mãos daqueles poucos (e ainda perguntam de onde vem a violência).
Quanto ao amor, Ah, o amor! Nesta busca eterna, poucos também alcançarão o sucesso. Do jeito que as coisas caminham, muitos contentam-se com a ilusão do amor, e continuam levando suas vidas e esporadicamente enlouquecendo pelo caminho.


NiNo Sca

Santa Hipocrisia...



Uma Noite de Gala
Há mais honestidade numa briga de bar do que num ambiente desses. O cheiro de naftalina das “boas roupas de ocasião” me enjoa muito mais que o cheiro de maconha que sobe de uma arquibancada em dia de jogo. O empurra-empurra para entrar num estádio é mais saudável que a falsa gentileza e cortesia que procuram – com dificuldade – aparentar.
Como diz Winston (1984 de George Orwell): “Se existe esperança, ela está nos proles”.
“Senta Oscar” – dizia a nojenta madame pro pobre marido, num tom de voz mil vezes mais ferino que o singelo “juiz filho da puta!”.
A aparente “divisão de classes” corrompe o ser humano com um sentimento de superioridade que não condiz com a realidade. Uma hierarquia fajuta de falsos nobres e legítimos mendigos de espírito.
Ver e ser visto! Tudo se resume a isso.
“Bravo, bravo” gritou o babão, como se estivesse no Scalla de Milão, ou numa tourada madrilhenha! Que “bravo” meu amigo! Bata palmas humildemente e só! Se fecha feínho! Talvez tenha sonhado toda a vida com tal intervenção: “Bravo, bravo”. Assistiu a muitos filmes por aí, vive no sonho (num sonho dos Alpes). E ainda olha de cima para baixo, como se seu pince’nez pudesse saltar da sua face porcina.
Escrotos.


Nino Strapillo
24/10/2006

Uma sábia cortesã



Uma sábia cortesã
Conheci Tchaynes num bordel. Numa daquelas noites perdidas de dia de semana. Um role e lá paramos. A casa estava vazia, apenas algumas garotas cansadas esperando dar (a hora). A nossa intenção era simplesmente tomar uma cerveja, trocar uma idéia, só que observando uma bela paisagem.
De canto uma mesa de sinuca, e a loira já chegou escalando: “Paga uma ficha?”. A questão é que nestes lugares o preço de uma ficha daria pra comprar dez num boteco qualquer (mas nunca teríamos uma companhia daquela pra jogar!).
Sentei e fiquei só observando o Fêtza tomar um couro da mina, que, aliás, jogava muito. Enquanto estava sentado, veio uma morena maravilhosa e pediu licença para se sentar. É claro que aceitei a sua companhia, mas procurei já deixar claro que não tinha nenhum dinheiro para lhe oferecer bebidas e programa, portanto, não queria “atrapalhar” o seu trabalho. Ela simplesmente sorriu e disse querer conversar, gostou da minha companhia simplesmente.
Porra meu!!! Que mina da hora, maravilhosa, inteligente, sagaz, bom humor e sábia. Tanto é que nunca mais a esqueci. Não lembro direito do seu rosto, dos detalhes, mas não esqueço a sua presença, suas palavras... Como a maioria delas, teve (tinha) uma vida sofrida, dificuldades, namoro com traficante, acidente, morte do amor bandido nos seus braços e um aprendizado socrático (intuitivo no caso dela), de que só fazemos o mal por ignorância. Disse ela: “Depois de saber que aquilo não é certo, ferrou! Pode até fazer de novo, mas já não há desculpas”. Sábia cortesã.
Minhas sinceras homenagens a todas as “Damas das Camélias”.


NiNoStrapillo
05/11/2007

Feliz Natal seu Mendigo



Feliz Natal, seu mendigo!
Aquele figura bem que poderia ser o Papai-Noel. Tá certo que um jovem Noel. Não tinha idade suficiente para as longas barbas brancas, mas estas, ruivas, demonstravam a origem nórdica do estranho. Onde andariam as renas???
Seus cabelos eram curtos e ruivos, assim como a barba. Figura interessante!
Mas estranho! Sua figura aparentava algo de dissonante. Andar cambaleante, roupas puídas...já sei. Não é Papai-Noel coisa nenhuma, mas sim um pobre e miserável mendigo.
Coisa admirável para estes lados, um pedinte (se bem que nada pedia!) de tais paragens!!! Por isso facilmente confundido com Papai-Noel.
Pronto, desfeito o engano! Descobri porque da confusão. Algumas casas adiante, a dona estava atarefada preparando os grandes enfeites natalinos. Luzes, bolas, bonecos... pensei então que talvez esse “ajudante” de Noel estava chegando para dar uma “mãozinha”!
Mas não mesmo! Que nada! Precisava ver a cara da dona da casa quando viu o pobre homem aproximar-se. Fugiu literalmente para dentro da casa! Seu medo obliterou as possíveis associações de imagem. Nada de Noel, apenas um – talvez perigoso – vagabundo.
Todo seu trabalho foi em vão. Seus enfeites são apenas para seus pares. Simples ostentação. Não dizem nada do espírito da data, do sentido profundo e verdadeiro de fraternidade.
NiNo Strapillo
01/12/2004

Pensamentos


“Há um fluxo incessante de novidades no mundo, e ainda assim admitimos incrível apatia.”
Henry David Thoreau – “Walden”


“Não há filosofia que se possa aprender, só se pode aprender a filosofar.”
Kant



“Quem jamais amargou o pão na tristeza e, noite alta, chorando, ansioso não gemeu, esperando a manhã – não conhece a beleza e os poderes do céu.”
Goethe



“Como era belo o mundo, para quem o olhasse assim, ingenuamente, simplesmente, sem nada procurar nele!”
(Sidarta – Hermann Hesse)


“A única obrigação que tenho direito de assumir é a de fazer a todo momento o que julgo correto.”
(Henry D. Thoreau – A desobediência civil)

Uma súbita aparição


Seu TiTo numa surpreendente materialização num "pueblo" da España

Imagem captada por Renato Quibenção

sexta-feira, 28 de novembro de 2008


Sangue ruim


Há dias onde a vontade é de sair quebrando tudo, violência pura mesmo, nada de angustia, tristeza. Apenas raiva, raiva absurda do mundo e das pessoas estúpidas que o habitam.
Posso morrer numa dessas, tomar um tiro, mas fico pronto para a violência, procuro confusões, louco para ser provocado e partir então para cima com todo o meu ódio represado. Pronto para dixavar, arrebentar o primeiro que se apresentar como volun-otário.
Um comportamento digno do mais Druguesinho dos Alex’s. Vou espremer essa laranja. Fecho a cara e fico na espreita, aguardo, aguardo...

Nada.

Talvez transmita ao meu redor um campo de energia tão denso que ninguém se atreve a confrontar-me. Já consegui espantar pessoas com um simples olhar, mas um olhar que continha o peso e a raiva de um furacão. Destruidor. Talvez nesses momentos o melhor seja mesmo permanecer na boa, tentar ficar “cool”, tranqüilo. É difícil.
Sou do tipo bom moço, alegre, sorrio para todos, mas que no momento da explosão posso ser o mais frio e irracional dos seres. Temo essa predisposição. Na raiva extrema, morrerei atado, preso ao pescoço do meu adversário. Sem trégua.
Hoje estou assim. Por que será?

Penso em vários motivos. Talvez o relacionamento que me esgota, o relacionamento que não me permite ficar em paz ou talvez ainda o relacionamento que ofusca todas as minhas outras preocupações elevando à potência máxima minha irritação.
Tudo isso graças ao valor que atribuímos as coisas.
Mas estaria mentindo também de dissesse que o relacionamento é o único responsável pelo meu estado de espírito.

Assim como o dinheiro, não é tudo, mas é 100%.



Stuna
01/10/2002

Superestrutura X Infraestrutura

Puta que o pariu! Se alguém já utilizou a expressão, parabéns, senão, lá vai: A pior pobreza que tem é a de espírito.
Afinal, que merda de apatia que abate os nossos dias! Será que sempre foi assim? Precisava de um “diário de bordo” de professores de outras épocas. Saber como era a média dos alunos de outros tempos. Se eram igualmente inertes ou se demonstravam interesse diferenciado. Será que ficavam quietos apenas na base da porrada? Acho que hoje até falta umas porradas, quem sabe ficariam mais espertos.
Num filme aí em cartaz, o policial fala a respeito do traficante: “Esse aí provavelmente não teve chance, o pai deve ter sumido, deve ter vivido na miséria, agora o que me deixa puto é “boyzinho” que teve tudo na vida e vai pro tráfico”. A situação é essa. Quem tem chance não aproveita, quem poderia fazer a mudança acontecer tá pouco de fudendo pra se vai ou não ter mudanças. Depois que crescerem e virarem simples peões vão vir dizer que a vida é injusta, que a sociedade não presta. Não vão ter nem a consciência da própria miséria intelectual.
Massa de manobra do cacete! A “revolução” pelo conhecimento de Gramsci, brigar em pé de igualdade através da aquisição do saber (monopólio dos dominantes) nunca vai se tornar realidade. Se depender das nossas “tranqueiras”, o rico vai continuar mandando, ou como diz na música: “O de cima sobe e o de baixo desce”.
Infelizmente.


TiTo Igatha
03/10/2007

terça-feira, 25 de novembro de 2008


Oração a Vênus


Senhora Deusa do Amor. Olhando assim, sob o prisma do Sagrado, venho lhe questionar (se a tal posso...).
Fiz algo de desabonador para merecer tamanha severidade de Vossa parte?
Talvez, inconsciente de outras tantas existências, não possa saber então, que mal fiz para merecer a má sorte nas suas sendas. Talvez tenha agido eu indignamente, pagando neste momento as severas leis do carma. Seguindo a sábia lei do retorno, que diz que à toda ação, cabe uma reação. Será tão grave minha culpa? Terei agido de forma tão odiosa, para que neste momento sofra todos os reveses de Eros?
Não, não... prefiro crer que a sorte me aguarda numa destas curvas do inexorável destino, afinal creio na sabedoria divina. Não honrei sempre com todo o meu coração o Seu poder, ó divina Senhora? Teria cometido algum delito para com Suas leis em meu coração desavisado? Porque tamanho castigo?
Busco o amor, talvez buscá-lo não deveria...assim apenas aguardo.
Muitas vezes vacilei na fé em seus desígnios, perdoe-me, não sabia que estava sujeito a tão caprichosa e poderosa Senhora. Pensei que as questões do coração não se submetessem a nenhum glorioso deus, vi que me enganava. Porém, nunca agi com falta de respeito às tais questões, pelo contrário sempre mostrei-me um servo fiel aos Vossos ordenamentos, inspirado na Sua sabedoria, aguardando apenas o prêmio tão almejado pela alma humana e sonhadora. O amor.




NiNo Strapillo
27/07/2004

Cara, ultimamente ando de...

Twilight Zone


Enquanto o seu Tito pegava o Bresser lotado, John Mackeigam voava pela janela que explodia. Senhor Shimoda, tomava um saquê no “Happy Hour” em Tóquio, Setaou, enfeitiçava cobras Naja no Egito, e Pablito esticava uma carreira de pó lá em Bogotá.
Tudo num só momento, tudo de uma só vez, sem explicações, sem avisos, começa a explodir no maior centro econômico, político, etc..., etc..., . Nova York. A cidade cosmopolita também o é no sofrimento. O branco anglo-saxão de lá, sofre como o negro que explode na mina traiçoeira lá na Zâmbia. O sangue de um, é tão vermelho quanto o do outro.
Catástrofes não antecipam chegada, não avisam para realizarem-se os preparativos para a desgraça, ela simplesmente irrompe, instaura-se. Como imaginar, que num dia de faina, de labuta, o vendedor de “hot-dog” pitoresco na paisagem americana, correria vendo o céu desabando sobre sua cabeça. E o mais incrível, nem alienígenas eram, o ataque não veio do espaço, não deu nem tempo de chamar o “Chuck Norris”, para salvar a América. Invasão dos Estados Unidos. Sabe-se lá de onde veio.
Os americanos, com todo poder concentrado, não foram capazes de evitar. Acostumados a mandar e desmandar, enviar tropas, invadir a casa dos outros na maior cara de pau, pagando de mocinho, foram pegos no terror. Triste, foram vitimados pelas suas próprias invenções. Próprio meio de vida. Cansaram boa parte do mundo com suas manias enxeridas, pedantes e prepotentes. Infelizmente da pior forma, aprenderam sobre invulnerabilidade, mortalidade, e que nem sempre o final do filme é feliz.


NiNo Sca

Meu cão

Meu querido cãozinho está agonizando. Dia após dia vejo as forças a abandonar. A vida e a morte lutam lado a lado. Nada há para ser feito, o final todos sabemos. O mesmo final que nos espera a todos.
Pelo seu esforço e sofrimento começo a desejar um rápido desenlace. Não suportamos vê-la arquejante, de olhos tristes e vidrados, como que implorando descanso.
Não consegue ficar deitada, deve lhe ser doloroso. Em pé falta-lhe energia... E nos angustia não saber o que fazer para lhe aliviar.
Olho para ela e vejo uma luta. A eterna luta. A do resultado imutável.
Penso em Heráclito, em Blake...
“O verme perdoa o arado que o corta”.
Não há injustiça, maldade na morte. Mas dessa idéia não conseguimos nos libertar. O verme não se zanga com o arado que o ceifa, esse é o movimento. Eterno.
Tento pensar assim e abstrair os fatos concretos.

NiNoSca