segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Não à Filosofia

Tremi ao ouvir do querido jovem a sua disposição quanto a carreira a seguir: “Farei filosofia professor. Estou decidido”. Não! Decididamente não – pensei eu! Oh meu Deus! Estou sendo uma influência péssima a estes jovens. Por favor, tudo menos a filosofia! Abstenha-se do pensamento! Não estrague a sua vida, a sua alegria. Siga outros caminhos. Melancólico basta eu!
Penso que se alguém buscar a filosofia após ouvir-me, é que não me expressei como deveria. Fuja dela, deveria dizer claramente.
Aula após aula chegamos à conclusão de que não há nenhuma (conclusão) a se chegar. Que as perguntas se sucederão e acumular-se-ão “ad infinitum”, e com elas, o desespero da incerteza. O “só sei que nada sei” socrático mais me parece uma maldição agora! Feliz vive aquele que afirma o saber (mesmo que iludido). Este sim, leva a vida adiante. O questionamento atravanca os passos.
Que mal fiz a esse garoto, se o levei a crer que na filosofia obteria alguma resposta às suas questões existenciais. Eu, o medíocre da vida prática, o atulhado de pensamentos... Indeciso e improdutivo. Mal, isso vai mal!
Talvez fosse melhor se todos ignorassem minhas palavras, e minha aula transcorresse como um leve descanso entre as matérias de “real valor”.
“Que bom, agora teremos filosofia. Aquela aula que não serve para nada – mas relaxa!”.

Não me levem a sério, o caminho que aponto é um embuste. Chega de sofredores.


Christian Scarillo
21/08/2006

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa,que coisa triste isso!
não que você seja uma má influencia e muitos pensam que sua aula é pra relaxar.
Fique tranquilo!!
Abraços