segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Regras da Escrita

Cada vez amo mais os livros, pois descubro em seus amplos e infindos mundos, que não estou só nesta vida. Conheço realidades onde posso considerar-me “normal”. Diferente de como sou considerado do “lado de cá” das páginas. O verdadeiro “patinho feio”.
O que sempre fora motivo de preocupação na minha vida, quanto ao meu possível desenvolvimento no mundo adulto, agora se torna para mim mesmo (quem mais importa!), motivo de extremo orgulho. Sou estranho, graças a Deus!
Por exemplo, me achava uma aberração por amar ler e escrever, mas não compreender absolutamente nada da gramática. Afinal, que porra! Como pode isso? Não pode, pensava eu... Mas pode sim, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nas leituras, lido com as “metamorfoses” ditas por Elias Canetti, com a polifonia de Dostoievski citada por Bakhtin, não com regras criadas por técnicos da língua, burocratas das letras. Amo a dança da caneta pelo corpo do papel, não as regras do idioma.
Não descarto a importância da gramática, mas o que importa mais, o prazer do conhecimento proporcionado por um bom livro, ou a correta colocação de vírgulas e pontos? Temos assim, jovens máquinas de lógica sem noção, nem imaginação. Como diz Nietzsche (Ecce Homo), “fósforos apagados”.
Essas malditas normas lingüísticas me fizeram “perder” (vai saber!), dois anos no colégio pela minha inépcia, incapacidade de bem compreendê-las. Hoje sei que não perdi nada, ganhei na paciência.

Christian Scarillo
12/06/2006

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