segunda-feira, 29 de março de 2010

Troca

Sinceramente não sei se é certo ou não transmitir aos meus alunos acontecimentos de minha própria vida. Não sei o que os “educadores” pensam a respeito, mas se é o exemplo a melhor forma de aprender algo, não seria acertada então a minha atitude? Não sei. Ajo pelo instinto e paixão nesses momentos, não tanto com a razão.
Se estou discutindo a vida e suas possibilidades, por que deveria me abster de usar-me como exemplo? Deveria atribuir tudo sempre a um hipotético ser? Ou será que minhas palavras não terão mais força justamente por vir daquele que lhes ensina? Afinal, temos nossos professores (mestres) sempre como paradigmas de comportamento. Olhamos para eles (em qualquer estágio que nos encontremos), e não conseguimos acreditar numa possível vulnerabilidade. Sempre nos parecerão seres imunes aos fracassos e vicissitudes da cotidianidade. Espécie de super-heróis, que já nasceram com a sabedoria.
Não me sinto assim, e se estou tratando de acontecimentos ordinários porque não incluir-me no número dos “simples mortais”? Não dizer das dificuldades que enfrentei pelo caminho, quando na verdade elas foram inúmeras, e passar a imagem de realização profissional neste momento, sendo que atravessei a mesma angustia existencial desse período marcante e conturbado que é o final do período da vida escolar? Seria um mentiroso (como foram muitas vezes comigo).
Pelo menos desta forma compartilho minha humanidade, vulnerabilidade, que estamos num mesmo “barco” e compartilhamos a angustia por estarmos vivos e num mundo sem respostas fáceis (como querem nos empurrar).

TiTo Igatha
13/09/2006

2 comentários:

Anônimo disse...

Crítica interessante, me fez pensar.

Quando era criança eu também via meus pais como "paradigmas do comportamento", os verdadeiros super-heróis imunes ao fracasso.
O mundo girou, o tempo passou, e nao me faltaram ocasiões para discordar com meus pais. Para brigar, descepcionar e desacreditar.
Mas a verdade não mudou em sua essencia: eu continuo amando e acreditando neles. Porque como disse Kant, "o pensamento humano é por natureza transcedental"- a minha visão deles como super-herois evoluiu para a de seres humanos.
Seres humanos que lutam pelo que acreditam, que são capazes de transmitir seus conhecimentos para o bem pensar de sua futura geração. Seres humanos capazes de se aprimorar com base em seus propios erros.

A imagem dos pais é verdadeira, mas tambem puramente alegorica. Afinal, não é o pai o primeiro professor de todos nós?

Não se espera a perfeição de ninguem. Uma pessoa perfeita é aquela capaz de aprender com sua propia experiencia, seus propios erros e acertos.
como disse Paul Arden: "Someone who doesn't make mistakes is unlikely to make anything."

Vi disse...

Tomo espaço para afirmar que muitos vão achar super até o ato mais falho que cometemos, outros saberão de pronto que não somos de feitos de aço, compaixão e conhecimento.... Mas você sabe do meu ponto de vista com relação aos herois e das fraquezas humanas de todos eles... rsrs... continuo fã assidua deste blog. beijos