segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Inventário

Inventário


Pensava fazer meu testamento, um inventário do que tenho, e para quem deveria ir cada objeto meu, caso viesse a morrer amanhã mesmo, ou agora mesmo. Afinal isso ninguém sabe quando pode acontecer, então, o melhor é estar prevenido.
Meus CDs, gostaria que fossem distribuídos aos amigos de acordo com os gostos musicais, deixo os de “black” para a minha irmã ( quase todos ).
Meus “cards” de baseball, deixo à quem queira como eu usá-los como marcador de páginas, fiscalizarei seu uso de onde estiver, inúteis que são, só devem ser utilizados em benefício da cultura.
A coleção de bonés, distribuída a esmo, e que os fluídos ali impregnados livrem, quem usá-los da ignorância, o que sempre fui contrário, só peço para ser enterrado ou cremado com o meu preferido, o “H” dos astros. Esse, se doado causaria confusão na cabeça premiada.
Meus dois patins, à quem tenha mais destreza e habilidade, do que já tive em toda minha vida.
Meus tênis e outros calçados, aos pobres e miseráveis que caminham pelo mundo, pisando espinhos.
Alguns livros, à qualquer biblioteca que queira aceitá-los, se a burocracia for muita, que atirem-nos ao fogo, já me foram úteis.
A coleção de revistas pornográficas, ao primeiro garoto que aparecer pela frente, nas mãos “literalmente” dos jovens ela terá a continuidade de sua missão, levar fantasia e desejo, sem hipocrisia.
Meus bonecos de borracha, coleção de super-heróis, igualmente a alguma criança. E que eles, os bonecos, ativem a imaginação como um dia ativaram a minha, e que mostrem a importância do faz-de-conta, num mundo pateticamente real e enganador.
Meus escritos, se inúteis como penso, que acabem no lixo. Caso algo de bom possuírem, que isto sirva de lição a quem lê-los.
De resto, não me recordo nada que tenha esquecido, caso exista, distribuir como convém. Que nada fique guardado, e que nada ancore minha alma, somente as boas lembranças. Tudo não passa de subterfúgios de uma alma pobre, sinto não ter me livrado antes de falsas ilusões materiais. E que Deus, guarde minha alma.



NiNo Strapillo 25/05/99

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu quero a alma!

Seu TiTo disse...

Será que esta vale a pena???