sábado, 29 de novembro de 2008

Uma sábia cortesã



Uma sábia cortesã
Conheci Tchaynes num bordel. Numa daquelas noites perdidas de dia de semana. Um role e lá paramos. A casa estava vazia, apenas algumas garotas cansadas esperando dar (a hora). A nossa intenção era simplesmente tomar uma cerveja, trocar uma idéia, só que observando uma bela paisagem.
De canto uma mesa de sinuca, e a loira já chegou escalando: “Paga uma ficha?”. A questão é que nestes lugares o preço de uma ficha daria pra comprar dez num boteco qualquer (mas nunca teríamos uma companhia daquela pra jogar!).
Sentei e fiquei só observando o Fêtza tomar um couro da mina, que, aliás, jogava muito. Enquanto estava sentado, veio uma morena maravilhosa e pediu licença para se sentar. É claro que aceitei a sua companhia, mas procurei já deixar claro que não tinha nenhum dinheiro para lhe oferecer bebidas e programa, portanto, não queria “atrapalhar” o seu trabalho. Ela simplesmente sorriu e disse querer conversar, gostou da minha companhia simplesmente.
Porra meu!!! Que mina da hora, maravilhosa, inteligente, sagaz, bom humor e sábia. Tanto é que nunca mais a esqueci. Não lembro direito do seu rosto, dos detalhes, mas não esqueço a sua presença, suas palavras... Como a maioria delas, teve (tinha) uma vida sofrida, dificuldades, namoro com traficante, acidente, morte do amor bandido nos seus braços e um aprendizado socrático (intuitivo no caso dela), de que só fazemos o mal por ignorância. Disse ela: “Depois de saber que aquilo não é certo, ferrou! Pode até fazer de novo, mas já não há desculpas”. Sábia cortesã.
Minhas sinceras homenagens a todas as “Damas das Camélias”.


NiNoStrapillo
05/11/2007

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