sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Meantime


O ambiente azulado pela fumaça dos cigarros deixa transparecer o clima tenso e denso. Dois homens olham para além da imagem que a TV mostra, estão preocupados com suas vidas, vidas sem vida, vida de privações e desencantos. Uma voz vem até eles, nem se apercebem estão alienados.
Lá fora o sol que não sai por detrás das nuvens pesadas, carrega ainda mais no tom acinzentado das construções da cidade de altos progressos e muitas desgraças. Jovens perambulam pelos cantos, pelos becos, buscando o que da vida fazer, qual atitude tomar, uma resolução que os tire daquele estado de coisas. Desenganados.
O governo prometeu ajudar, buscar formas para aplacar a sensação de incapacidade, de indigência. Muitos estão assim, assim perdidos, perdidos entre sonhos de melhores dias. Falta. Falta de dinheiro, de ajuda, de esperanças, de trabalho. Mas todos não estão assim? Assim como?
Classes que se dividem, lutando pela sobrevivência de sua estirpe, lutando para não ser rebaixadas mais ainda de seus já minguados recursos. Disputando o pouco que lhes permitem com aqueles mais fracos ainda, revolvendo o lixo da sociedade.
O tom azulado se adensa, a resignação domina e a fé sucumbe.


TiTo Igatha

2 comentários:

Rodrigo Dévia disse...

Eu conheço esse texto hein, seu Tito!

Seu TiTo disse...

Esse e muitos outros...hehehe